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Temos o costume de separar nossas casas em espaços sociais e íntimos, isso porque muitas vezes não queremos receber amigos e visitas em meio às nossas roupas, bagunças do dia a dia e pertences pessoais. Uma grande inovação da arquitetura modernista, ao entender que as funções devem ser exploradas ao máximo, foi perceber que a casa de banho e o lavabo poderiam ser espaços separados, afinal dificilmente iremos usar pia, vaso sanitário e chuveiro ao mesmo tempo.

Lavabos não são necessariamente uma novidade arquitetônica, historicamente as casas dispunham de tinas ou pias para lavar as mãos antes de refeições ou ao acordar, sempre ligados à uma ideia de higiene pessoal, entretanto, ter um espaço de higiene para visitas é bastante inovador do ponto de vista funcional. Com a correria do dia a dia nem sempre conseguimos organizar nossos espaços pessoais e, certamente, nem sempre é confortável deixar visitas usarem o banheiro com produtos de skin care e roupas íntimas penduradas no box. A função de higiene somada ao apelo estético dos lavabos os tornou aconchegantes e, geralmente, muito cheios de personalidade.

Por serem áreas molhadas, e com muita umidade, geralmente precisamos tomar cuidado com os materiais dos banheiros, porém os lavabos, onde não há um chuveiro, permitem uma integração bem harmoniosa com os ambientes sociais. Revestimentos quentes tal qual a madeira natural ou pedras mais rústicas, iluminação cênica e direcional para criar pontos de foco, quadros e decorações que costumam não poder molhar e até mesmo texturas mais inusitadas para as bancadas, mais porosas do que de costume, fazem parte do cardápio criativo que um banheiro de visitas oferece aos arquitetos que o projetam.

No mais, a surpresa de abrir uma portinha e se deparar com um cômodo cheio de charme, que as vezes se destaca completamente do resto da casa, costuma ser bastante interessante para os frequentadores. Por não serem espaços de longa permanência o abuso de cores também não é visto como algo claustrofóbico, e por isso que talvez o lugar mais interessante de visitar ao conhecer a casa nova de alguém seja, exatamente, o lavabo.


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Uma das primeiras definições do que é arquitetura pode ser atribuída à Vitruvio, o mesmo que deu o nome ao Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci. Ele dizia que para algo ser considerado arquitetura precisava se encaixar em três categorias chamadas de firmitas, utilitas e venustas. Respectivamente, deveria ter estabilidade estrutural para ficar em pé, ter uma utilidade definida e que fizesse sentido e, por fim, ser belo. Mesmo que o conceito de beleza possa ter mudado drasticamente da Roma antiga para os dias de hoje ainda nos apoiamos nesses pilares para construir boa arquitetura.

A organização é bela. O visual organizado não é só agradável por remeter a limpeza e tranquilidade, mas também porque vivemos em um mundo no qual precisamos acordar cedo e dar café para as crianças, alimentar o gato e lavar a louça antes de chegar no trabalho. Portanto, é bastante útil que a gente não precise gastar tempo procurando coisas toda vez que queremos usá-las.

Grande parte da nossa qualidade de vida é proveniente das experiencias positivas que temos ao frequentar ambientes, e essas experiencias sensoriais passam também pelo que vemos. Alguns podem preferir esconder as bagunças em armários ou criar grandes espaços para armazenar aquilo que pouco se usa, podemos usar a cor branca de forma monocromática para passar a sensação de uma amplitude limpa e organizada. A criatividade nem sempre está em ser fora da curva, mas as vezes em uma simples solução de puxadores em cava que não vão enganchar na pilha de roupa limpa quando precisarmos abrir a porta com uma só mão, ou na criação de uma bancada de pedra acima da máquina para poder apoiar um cesto e um pote de sabão em pó sem fazer uma grande sujeira naqueles cantinhos que quase nunca conseguimos limpar.

Mas também a organização pode existir ao deixarmos tudo à vista, de forma que encontremos aquilo que queremos sem nem precisar abrir um armário. Ou trazendo alguma calidez com madeiras, tapetes e metais que se misturam nos diversos rótulos e embalagens chamativas da despensa. O ponto é: nem só de festas, encontros e comemorações vive uma casa, precisamos também cuidar do que acontece atrás das cortinas enquanto a peça da vida se desenrola no palco, não só porque uma casa que contemple nossas reais necessidades aumenta drasticamente nossa qualidade de vida, mas também porque o belo precisa ser útil e firme para fazer sentido.



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A casa nasceu sendo uma extensão do espaço em que vivíamos. Quando precisávamos de abrigo para a chuva construíamos uma cobertura, quando precisávamos descansar construíamos um banco e aquilo que não podia ser construído ficava ao redor. O banheiro, antes de ser construído o sistema de esgoto urbano, tinha que ser separado da área social por questões de higiene, assim como a roupa que era lavada no rio ganhou um espaço fechado para ela assim que descobrimos a tecnologia para criar a máquina de lavar roupas. Entretanto a vida moderna e com menos espaço pede cortes e as grandes lavanderias, que também eram o espaço de estocagem e atividades manuais, foram sumindo dos apartamentos, cada vez mais integrados.

Um paradoxo da arquitetura é exatamente compreender esses ambientes, que muitas vezes não são prioritários, mas que necessitam de mais espaço conforme o tamanho da família que vive ali. Uma cadeira a mais facilmente resolve uma mesa de jantar apertada, entretanto, é preciso de um dimensionamento preciso para dar conta de administrar as roupas de uma pessoa a mais, por isso as lavanderias modernas estão cada vez mais em um limiar entre espaço social e funcional.

Certamente existem aquelas famílias que prezam pela distinção de ambientes, ainda que a integração possa ser feita com um mesmo piso amadeirado que vem da área social do apartamento até a cozinha. Paredes de armários monocromáticas também são soluções precisas para esses espaços que precisam de armazenamento, mas também não podem parecer amontoados.

De qualquer maneira, os espaços de serviço, produção e armazenamento já não são mais lugares isolados da nossa casa, a vida moderna pede que eles sejam espaços sociais pois são atividades que se encaixam em nossas rotinas exatamente nos momentos que precisamos de companhia. Uma banqueta para o amigo que te acompanha ao fogão, um tanque que funciona como pia para lavar a mão, pisos integrados e murais artísticos e outros muitos elementos começaram a fazer parte das nossas cozinhas e invadiram também a lavanderia, afinal estender roupas pode ser chato, mas fica mais prazeroso num ambiente bonito e com boa companhia.

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