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O backstage

Uma das primeiras definições do que é arquitetura pode ser atribuída à Vitruvio, o mesmo que deu o nome ao Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci. Ele dizia que para algo ser considerado arquitetura precisava se encaixar em três categorias chamadas de firmitas, utilitas e venustas. Respectivamente, deveria ter estabilidade estrutural para ficar em pé, ter uma utilidade definida e que fizesse sentido e, por fim, ser belo. Mesmo que o conceito de beleza possa ter mudado drasticamente da Roma antiga para os dias de hoje ainda nos apoiamos nesses pilares para construir boa arquitetura.

A organização é bela. O visual organizado não é só agradável por remeter a limpeza e tranquilidade, mas também porque vivemos em um mundo no qual precisamos acordar cedo e dar café para as crianças, alimentar o gato e lavar a louça antes de chegar no trabalho. Portanto, é bastante útil que a gente não precise gastar tempo procurando coisas toda vez que queremos usá-las.

Grande parte da nossa qualidade de vida é proveniente das experiencias positivas que temos ao frequentar ambientes, e essas experiencias sensoriais passam também pelo que vemos. Alguns podem preferir esconder as bagunças em armários ou criar grandes espaços para armazenar aquilo que pouco se usa, podemos usar a cor branca de forma monocromática para passar a sensação de uma amplitude limpa e organizada. A criatividade nem sempre está em ser fora da curva, mas as vezes em uma simples solução de puxadores em cava que não vão enganchar na pilha de roupa limpa quando precisarmos abrir a porta com uma só mão, ou na criação de uma bancada de pedra acima da máquina para poder apoiar um cesto e um pote de sabão em pó sem fazer uma grande sujeira naqueles cantinhos que quase nunca conseguimos limpar.

Mas também a organização pode existir ao deixarmos tudo à vista, de forma que encontremos aquilo que queremos sem nem precisar abrir um armário. Ou trazendo alguma calidez com madeiras, tapetes e metais que se misturam nos diversos rótulos e embalagens chamativas da despensa. O ponto é: nem só de festas, encontros e comemorações vive uma casa, precisamos também cuidar do que acontece atrás das cortinas enquanto a peça da vida se desenrola no palco, não só porque uma casa que contemple nossas reais necessidades aumenta drasticamente nossa qualidade de vida, mas também porque o belo precisa ser útil e firme para fazer sentido.



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