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Foto do escritorLucas Almeida

O sofá


Casualmente já me questionei por que temos o costume de entrar em casa sempre pela sala de estar, não que isso seja uma regra talhada em pedra pois inúmeros são os exemplos de casas, lofts e studios que a entrada é por uma cozinha ou um hall que se distribui para os demais ambientes, porém a sala de estar é o lugar para onde a entrada se dirige, como se ao chegar em casa, a primeira parada fosse exatamente a sala de estar. A história nos diz que essa sala, destinada pro encontro e eventos sociais, é o cômodo mais antigo da casa, ou do que podemos entender por abrigo e moradia, presente até em cavernas neolíticas.

Acontece que, milhares de anos depois, estamos acostumados a organizar nossa casa por uma sala central com função social, talvez se uma pessoa do Período da Pedra Polida entrasse em um apartamento paulistano do século XXI ela conseguisse reconhecer facilmente onde as pessoas se reúnem para conversar. Ainda que, um hominídeo do período neolítico talvez não reconhecesse um sofá ou uma poltrona, ainda nos sentamos de frente um para o outro quando conversamos, usamos símbolos e signos que remetem ao elo e à comunicação, como círculos desenhados no tapete, mesas de centro redondas, tapetes e pufes circulares. Também remetemos esses espaços ao conforto com mantas, almofadas, carpetes e acessórios de tecido que aquecem o ambiente.

Estar junto, conviver, compartilhar e todas essas atividades sociais só podem ser extremamente importantes na nossa sociedade para a gente resistir um hábito por tanto tempo, mesmo que não seja uma função vital como comer ou usar o banheiro, e esse fenômeno social que nos torna tão adeptos da convivência compartilhada nos faz tão bem que mesmo aqueles que moram sozinhos guardam espaços para receber visitas, ainda que seja em um sofá-cama de um studio compacto. De certa maneira, se reunir em algum lugar cômodo com pessoas queridas e apreciar uma vista bonita não é um hábito assim tão moderno e nossas casas só remetem a essas sensações porque, por alguma razão, esse hábito tem sido algo muito importante para o nosso conforto e bem-estar.

Ainda que estar junto de alguém não necessariamente precise estar atrelado à uma sala, afinal cozinhar juntos ou assistir um filme na cama também são ótimas formas de se ter companhia, talvez a maior representação de convivência seja efetivamente um sofá, assim como o velho sofá vermelho do Central Perk, ou o sofá de Simpsons e até o famoso sofá de convidados da Oprah. Até porque, além da convivência significar muito para nós, seres humanos em sociedade, muitas vezes o melhor programa para uma noite pós trabalho é se deitar em um sofá com um cobertorzinho e assistir aquela mesma série de sempre.


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